domingo, 24 de agosto de 2014

O Pirarucu está acabando no Pará

A Extinção do PIRARUCU
Induzida por Pesca na Amazônia

O que está acontecendo com o Pirarucu?

Uma equipe de cientistas de vários países fizeram recentes comparativos de uma teoria técnica de pesca denominada bioeconomic mainstream (a bioeconomia dominante), com uma outra técnica menos conhecida, a "pesca-down" (a pesca lenta), para descobrir o porque algumas das 5 espécies de um dos grandes peixes mais comercialmente importante da Bacia Amazônica já estarem extintas em diversas comunidades de pescadores locais, especialmente no estado do Pará.
 
Se você não sabe, a bioeconomic mainstream, ou bioeconomia dominante, é uma técnica  que os políticos têm defendido na região, também é conhecida como defeso, e tem a finalidade de proteger as populações de peixes. Enquanto a outra teoria menos conhecida, a "pesca-down", prevê que se dê alto valor ao peixe grande, mais fácil de pegar, mas que pode ser pescado à extinção.
 
A pesquisa tomou como base o Pirarucu de cerca de 3 metros de comprimento, que pode chegar a pesar mais de 400 quilos. O Pirarucu desova nas bordas de florestas de várzea, ele emerge à superfície para respirar a cada 5 ou 15 minutos. E é quando eles são facilmente localizados e são pescados com harpões por pescadores que utilizam canoas artesanais.

Donald J. Stewart, professor na Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais da Universidade Estadual de Nova York em Syracuse, que recentemente descobriu uma nova espécie de Pirarucu, comentou que "A pesca do peixe gigante é dominada na Amazônia há mais de um século, mas três das cinco espécies conhecidas de Pirarucu já não são mais vistas há décadas".
 
 
A pesquisa foi baseada em entrevistas com 182 pescadores em 81 comunidades distintas que foram selecionados por seus pares como sendo especialistas, e na contagem de peixes em 41 das comunidades pesqueiras, sendo estas responsáveis por 650 quilômetros quadrados de área de várzea.
 
Os resultados da pesquisa foram apresentados na semana passada na publicação cientifica Aquatic Conservation: Eco Sistemas de Água doce e Marinhos. E indicaram que as populações de Pirarucu estão extintas em 19% dessas comunidades. Está em estágio de empobrecimento (extinção se aproximando) em 57% das comunidades, e sobreexplorados em 17%. E aponta um fato preocupante: Os pescadores continuam a pesca do Pirarucu, independentemente da baixa densidade populacional.
 
Quando adulto, o peixe grande se vai rapidamente (à venda), e os pescadores acabam utilizando redes de malha de nylon para colher outras espécies menores, sem querer capturar o Pirarucu jovem, mas ameaçando ainda mais as populações remanescentes.

A boa notícia, é que nas comunidades que implementaram regras de pesca, impondo um tamanho mínimo de captura de peixes e do Pirarucu, além de restringir o uso de rede de malha, por exemplo, a densidade de Pirarucu é 100 vezes maior do que nas comunidades onde não há regras ou as regras não são respeitadas. São essas comunidades que estão impedindo novas extinções do Pirarucu.
 
Somente 27% das comunidades pesquisadas têm regras de gestão para pesca do Pirarucu. A comunidade da Ilha de São Miguel proibiu o uso de redes de malha há 20 anos atrás e agora eles têm as maiores densidades de Pirarucu da região. A produtividade da pesca na Ilha de São Miguel é também a maior na área do estudo. Tarrafas são permitidas porque eles são muito mais seletivos ainda para que produzam peixes abundantes para o consumo local, de modo que a segurança alimentar da comunidade não seja comprometida.
 
As regiões tropicais sofrem com a pesca ilegal generalizada e também a falta de dados. Estes resultados sugerem que muitas extinções induzidas por pesca semelhantes, provavelmente passam despercebidas. Há também a falta de alternativas econômicas para os pescadores durante o defeso. Mas a experiência do Estado do Amazonas mostra que as coisas podem ser diferentes.
 
Muitas populações de Pirarucu anteriormente sobreexploradas agora estão crescendo devido a uma boa gestão na pesca. Chegou a hora de aplicar o conhecimento ecológico dos pescadores para avaliar populações, práticas e tendências de documentos. Além de resolver problemas ligados à pesca, através da participação do usuário na gestão e conservação.
 
Uma entidade sem fins lucrativos para a investigação e Proteção do Meio Ambiente em Santarém, está desenvolvendo e implementando a gestão comunitária de Pirarucu na região. Entretanto, os gestores reclamam que apesar da boa vontade dos pescadores e dos esforços da entidade, existe uma grande falta de apoio dos órgãos governamentais.
 
 
 
 
 
 
 

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